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Moradores fogem de cidades na Amazônia em busca de fartura e segurança sanitária de comunidades ribeirinhas

Vários deles migraram para zonas urbanas nos últimos anos atrás de trabalho e estudos, e agora voltam para as casas de parentes em busca de proteção contra o vírus e a crise .

29/05/2020 às 15h23
Por: Redacao Fonte: BBC NEWS
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Moradores fogem de cidades na Amazônia em busca de fartura e segurança sanitária de comunidades ribeirinhas

Cerca de 30 quilômetros percorridos em uma viagem de duas horas e meia de barco pela floresta separam regiões que reagem de maneiras diametralmente opostas à covid-19 na Amazônia.

Em uma das pontas do trajeto, a cidade paraense de Santarém tem 100% dos leitos de UTI ocupados, lockdown para moradores e uma legião de trabalhadores empobrecidos pelos negócios encerrados na pandemia.

 

Na outra ponta, em comunidades ribeirinhas do rio Arapiuns, não há por ora registro de infecções, moradores circulam pelas casas vizinhas, e a floresta garante alimentação abundante às famílias.

Não por acaso, comunidades à beira do Arapiuns — um afluente do Tapajós — e de vários outros rios da Amazônia acolheram muitos moradores de cidades golpeadas pela covid-19 na região, como Santarém, Manaus e Belém.

Vários deles migraram para zonas urbanas nos últimos anos atrás de trabalho e estudos, e agora voltam para as casas de parentes em busca de proteção contra o vírus e a crise econômica causada pela pandemia.

"Temos visto aqui na região um êxodo de pessoas das cidades rumo ao interior", diz à BBC News Brasil o médico neurocirurgião Erik Jennings Simões, que mora em Santarém e tem longa experiência no atendimento de comunidades indígenas e ribeirinhas da região.

Na comunidade Nova Sociedade, um dos povoados no Arapiuns onde ele esteve nos últimos dias, ouviu de um morador que as casas nunca estiveram tão cheias — tanto de migrantes retornados quanto de familiares nascidos nas cidades em busca de refúgio.

Ele afirma que a maioria das pessoas se deslocou antes da explosão de casos na região, o que tem impedido a entrada do vírus nas comunidades até agora. Conforme a pandemia se agravou nas áreas urbanas, vários povoados passaram a proibir novas chegadas.

Segundo o médico, os cenários radicalmente distintos vividos por cidades amazônicas e parte das comunidades ribeirinhas "mostram a necessidade de pensarmos a floresta como um fator de segurança epidemiológica".

"Quando preservada, a Amazônia pode garantir segurança alimentar e sanitária em eventos desse tipo", afirma.

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